Dr Guilherme Guardia Mattar calcula que, nos últimos dois anos, realizou cerca de 120 cirurgias apenas pelo SUS —em julho, ele e sua equipe bateram a marca de 100 procedimentos e comemoraram com um bolo. “Faço quatro cirurgias por semana. Na minha carreira já devo ter realizado mais de 200”, conta. Para ele, a escolha de se especializar no público trans se deu pelo impacto positivo que vê em seus pacientes.
“Faz diferença na vida das pessoas. É um divisor de águas. Muitos vivem constrangidos e sofrem com o preconceito. Depois da retirada das mamas, eles se sentem livres para tirar a camisa em público, realizar atividades físicas ao ar livre? Algo que não conseguiam antes por causa da disforia com as mamas”, explica.
A cirurgia leva cerca de três horas para ser realizada e o paciente pode ter alta no dia seguinte. Diferentemente de uma cirurgia de redução de mama, a mamoplastia masculinizadora reconstrói toda a região do tórax para deixá-la com características masculinas.
“Além de retirar vigorosamente o tecido, também é necessário diminuir a aréola e deixá-la mais lateralizada e inferiorizada, como é padrão no corpo masculino”, explica o médico. “Uma cirurgia redutora ainda deixa o formato e a posição de um seio feminino. Recebo casos de pacientes infelizes com o resultado.”
Por isso o especialista reforça a importância de sempre buscar alguém com experiência.
“No Brasil, ainda há poucos especialistas nesse tipo de cirurgia. E faz diferença realizar esse procedimento com alguém que conhece e tem contato frequente com o público.”
Enquanto o médico acumula altos números no currículo, a contagem do Ministério da Saúde não passa nem perto de ser tão alta. A pedido da reportagem, a assessoria de imprensa do órgão comunicou que de 2019 a 2022 foram realizados 19 procedimentos de mastectomia simples bilateral em homens trans no Brasil.
Fonte: UOL / Viva Bem